Avaliação da Adaptabilidade de Carreira: instrumento de medida e contribuições práticas

Entidade:
ABOP

Coordenador(a):
Rodolfo A. M. Ambiel

Financiador do coordenador:
CNPq

Resumo:
A adaptabilidade de carreira é um construto que vem obtendo destaque em investigações na área de Orientação Profissional e de Carreira. O construto é definido como psicossocial e indica a prontidão e recursos de um indivíduo para lidar com as tarefas do desenvolvimento profissional, atuais e iminentes, transições ocupacionais, e traumas pessoais. Esta mesa tem por objetivo apresentar e discutir a avaliação e implicações da adaptabilidade de carreira no contexto brasileiro. Inicialmente serão apresentadas as versões do instrumento Career Adapt-Abilities Scale (CAAS) e os estudos psicométricos realizados no Brasil. Como exemplos do funcionamento do construto, elencou-se os estudos com trabalhadores e pós-graduandos. Em relação aos estudantes de Pós-Graduação Stricto Sensu, verificou-se que os níveis de adaptabilidade são influenciados por variáveis internas (satisfação) e externas (relação com orientador). Na população de trabalhadores percebeu-se que quanto maior a idade, menores são as preocupações com a carreira, bem como, diferenças em função do nível de escolaridade. Assim, acredita-se que o construto pode contribuir para intervenções em Orientação Profissional e de Carreira.

Eixo:
I – A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia

Processo:
Processos Educativos


Apresentações:

Estudos psicométricos da Career Adapt-Abilities Scale (CAAS) no Brasil: caminhos percorridos e direções futuras
– Gustavo Henrique Martins – CNPq (Coautores(as): Thaline da Cunha Moreira – CAPES, Lara Priscila de Campos – CAPES)
A Career Adapt-Abilities Scale (CAAS) foi desenvolvida em parceria com pesquisadores de 13 países, entre eles o Brasil, que buscaram elaborar um instrumento consistente psicometricamente para a avaliação da adaptabilidade de carreira. Desde então, a versão brasileira da CAAS passou por adaptações e estudos psicométricos com amostras distintas, reforçando sua validade para o contexto brasileiro. Contudo, os autores do instrumento original, elaboraram uma nova versão que engloba uma quinta dimensão, além das quatro tradicionais. Esta quinta dimensão é denominada de Cooperação e tem o intuito de avaliar os aspectos interpessoais da adaptabilidade de carreira. O objetivo deste trabalho foi relatar o processo de adaptação e evidências de validade da versão brasileira da Career Adapt-Abilities Scale + Cooperation Scale (CAAS+C). Participaram do estudo 351 adultos trabalhadores brasileiro. Como instrumento foi aplicada a versão traduzida e adaptada da CAAS+C. A coleta ocorreu de forma online por meio do aplicativo Google Forms. Assim como esperado os resultados da análise fatorial exploratória confirmaram como melhor estrutura a formada por cinco dimensões, sendo elas: Preocupação, Controle, Curiosidade, Confiança e Cooperação. Além disso, as precisões das dimensões foram todas satisfatórias. A partir deste estudo foram encontradas evidências de validade para a versão brasileira da CAAS+C, contribuindo para uma nova possibilidade de avaliação mais completa da adaptabilidade de carreira no Brasil.

Indicadores de Adaptabilidade de Carreira em estudantes de Pós-Graduação Stricto Sensu
– Leonardo de Oliveira Barros – CAPES
A Pós-Graduação Stricto Sensu é uma das etapas de formação e construção de carreira de futuros pesquisadores e professores universitários. No Brasil, divide-se entre os níveis de mestrado e doutorado, com características e atividades específicas de acordo com o tipo de instituição, área de pesquisa e geográfica, entre outros, demandando constante adaptação do discente. Este estudo teve por objetivo verificar os níveis de adaptabilidade de carreira de estudantes de Pós-Graduação Stricto Sensu em função de variáveis sociodemográficas e acadêmicas. Participaram 645 estudantes regularmente matriculados em nível de mestrado acadêmico (49,1%, mestrado profissional (3,6%) e doutorado (47,3%), a maioria do gênero feminino (72,9%), com idades entre 21 e 56 anos (M=29,93; DP=5,02). Utilizou-se um questionário que buscou levantar informações pessoais e acadêmicas e a Escala de Adaptabilidade de Carreira (Career Adapt-Abilities Scale – CAAS). Nos resultados foi possível observar que os estudantes que se disseram mais satisfeitos em estarem cursando pós-graduação, bem como, aqueles que relataram maior nível de satisfação na relação estabelecida com o orientador também apresentaram maiores pontuações nas dimensões da adaptabilidade de carreira, o que pode indicar que eles tendem a lidarem melhor com as possíveis transições de carreira.

Relações entre adaptabilidade de carreira e autoeficácia ocupacional: estudo com trabalhadores adultos
– Ana Paula Salvador – CAPES
Para adequar-se às mudanças do Século XXI os trabalhadores, precisam desenvolver habilidades específicas. Este estudo objetivou avaliar se existe relação entre a adaptabilidade de carreira e a autoeficácia ocupacional em trabalhadores de diferentes modalidades. Participaram do estudo 351 indivíduos, a idade média foi de 33,48 anos e 62,7% eram do sexo feminino. Os participantes foram categorizados em quatro modalidades de trabalho, dos quais 124 (35,3%) eram trabalhadores com vínculo empregatício na modalidade CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), 103 (29,3%) eram autônomos com certa estabilidade, 88 (25,1%) funcionários públicos e 36 (10,3%) trabalhadores temporários sem estabilidade. Foram aplicados três instrumentos, um questionário sociodemográfico, a Career Adapt-Abilities Scale (CAAS) e a Escala de Autoeficácia Ocupacional – Versão Reduzida (EAO-VR). A coleta de dados foi realizada de forma online. Como resultados, todas as dimensões da CAAS correlacionaram de forma positiva e significativa com magnitudes variando de moderada a forte com a EAO-VR. A dimensão preocupação se correlacionou negativamente de forma significativa e com magnitude fraca com a idade, ou seja, quanto maior a idade menor são as inquietações em relação ao futuro profissional. Nas dimensões preocupação e controle houve diferenças nos grupos formados pela escolaridade, os indivíduos que possuíam até ensino técnico tendem a pontuar menos que indivíduos com nível de pós-graduação. O que indica que quanto mais elevado o nível de escolaridade, maior o planejamento e a responsabilidade no que diz respeito à carreira. Ao passo que entre as modalidades dos trabalhadores não houve diferenças significativas nos níveis de adaptabilidade.