Desafios para a experiência juvenil num contexto de incertezas e desigualdade

Entidade:
ABRAP

Coordenador(a):
Angela Hiluey

Financiador do coordenador:

Resumo:
Juventudes são um tema estratégico e emblemático nas sociedades contemporâneas, seja pela transversalidade de sua posição em diferentes áreas do saber, quanto pela circulação social que realizam na cena social, aproximando diferentes realidades. Esta mesa propõe o diálogo entre diferentes abordagens e trabalhos com juventude, como o atendimento clínico em uma instituição de graduação, as demandas trazidas pelos jovens que procuram apoio psicológico, os desafios de manejo que aí surgem, bem como os discursos de jovens sobre a cena social e suas expectativas de vida. A possibilidade de aproximar trabalhos com jovens desde a escuta de suas demandas, até os discursos que formulam sobre a leitura que fazem da realidade social, surge como oportunidade de investigação de uma prática clínica diretamente conectada a questões sociais prementes, mantendo aberto o diálogo entre saberes psicológicos, sociais, políticos e voltados à gestão pública; sem a pretensão de alcançar uma articulação entre cada um destes, buscamos contribuir com o diálogo entre estas áreas, contribuindo assim com possibilidades de conexão de ações a estas atreladas.

Eixo:
III – A psicologia e os desafios da intersetorialidade nas políticas públicas

Processo:
Processos de Planejamento e Gestão Pública; Processo de mobilização social


Apresentações:

Sobre o atendimento psicológico a jovens graduandos numa instituição de ensino de destaque em São Paulo
– Tiago Cobisier Matheus (Coautora: Camille Gavioli )
Com base na experiência de um serviço de atendimento a jovens graduandos numa instituição de ensino superior de destaque na cidade de São Paulo, pretendemos traçar um panorama das demandas apresentadas por estes, a partir do qual consideraremos se tais se prestam como sinalizadores qualitativos dos desafios enfrentados por jovens de diferentes condições socioeconômicas (em função dos programas de bolsas lá oferecido) numa situação privilegiada pela oportunidade de formação lá experimentada. Pela posição de destaque que ocupa no espaço acadêmico e, consequentemente, pela idealização suscitada entre os jovens que lá ingressam, consideramos que tais dados sirvam como apoio para a reflexão acerca correlação entre desigualdade social, competitividade e meritocracia, bem como a formulação de projetos de vida individualizados e voltados ao sucesso profissional e destaque pessoal. Constatamos, de início, que tais dados produzidos a partir do serviço de apoio psicológico nesta instituição sejam um meio de expressão das tensões vividas neste contexto.

Um tempo de intervenção clínica: sobre o dispositivo de atendimento de curta duração a graduandos
– Carlos Rivieres (Coautora: Camille Gavioli)

Este trabalho busca discutir as possibilidades e os limites de um atendimento de curta duração que vem sendo desenvolvido no serviço de apoio psicológico numa instituição de ensino superior a alunos graduandos. Com o propósito de receber, problematizar e encaminhar jovens que nos dirigem suas demandas em uma instituição de ensino, trabalhamos com uma modalidade de atendimento de poucos encontros, que aqui discutimos suas especificidades. Se não se trata de uma análise, a escuta analítica serve como referência para um trabalho que suscita a pergunta acerca de seu alcance e função para os sujeitos envolvidos. Perguntamo-nos também sobre a influência do contexto institucional sobre o enquadre proposto e manejo desenvolvido em cada situação. Por ser considerada uma instituição de excelência, a experiência universitária lá oferecida é considerada por muitos como privilegiada e, por isso mesmo, produzindo efeitos nas relações estabelecidas e experiências subjetivas lá vividas. Ainda que o objetivo do trabalho não seja analisar o contexto institucional, questionamo-nos sobre a relação entre este contexto e o dispositivo de atendimento e o manejo nele desenvolvido pela equipe de apoio psicológico da instituição.

Construindo o amanhã: jovens adultos falam sobre vida pública e privada
– Angela Hiluey
Tem-se encontrado na prática clínica e na literatura, uma queixa constante sobre a falta de qualidade dos relacionamentos conjugais e sobre o excesso de trabalho dentro e fora de casa. Ou seja, a insatisfação que os seres humanos experimentam é significativa. Por outro lado, Linares (2014) nos mostrou que os relacionamentos onde haja reconhecimento, valorização e carinho, que compõem a nutrição relacional, permitem que flua a saúde mental. Pereira (2010) destaca os fatores protetores da resiliência familiar e sua relevância para enfrentarmos a adversidade. Tal experiência insatisfatória na vigência do que já se conhece sobre como garantir a saúde, nos leva a nos perguntar o que impede que o conhecimento adquirido e inquestionável ganhe força no contexto atual. Pareceu então à autora, que conhecer o que pensam as pessoas de 20 a 29 anos e as de 30 a 39 anos, poderia ser uma oportunidade de vir a ter algumas informações que nos auxiliariam a oferecer um atendimento de melhor qualidade à população. Foi realizada então, uma investigação com 54 jovens adultos segmentados nessas duas faixas etárias. Encontrou-se, dentre outros dados, preponderante queixa pelo elevado volume de trabalho fora de casa, o que interfere na vida privada, e o anseio por mais tempo livre. Ao mesmo tempo é significativo o reconhecimento da importância do respeito e tolerância pelas diferenças, aspectos em relação aos quais reconhecem terem dificuldade, o que interfere no estabelecimento de um diálogo entre eles. A autora tem então por objetivo neste trabalho, compartilhar tanto os dados conseguidos através dos questionários utilizados para esta investigação, como elencar as considerações possíveis a partir de tais dados, tais como: a desesperança sobre a chance de conseguirem o almejado tempo livre; conseguirem estabelecer um diálogo sobre suas dificuldades.