PENSAMENTO CONTRA-HEGEMÔNICO NA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: MÉDICOS-EDUCADORES POR UMA EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA | Autor: Mitsuko Aparecida Makino Antunes – Coautora: Laurinda Ramalho de Almeida

Data:  17/11/2018 a 18/11/2018
Hora: 
08:00 às 10:00
Sala: 607

Autor: Mitsuko Aparecida Makino Antunes
Coautora: Laurinda Ramalho de Almeida

Conteúdo:
Considerando os problemas historicamente recorrentes da educação brasileira na escolarização de crianças e jovens das classes trabalhadoras e os ataques que a escola pública vem sofrendo, representados pela escalada do pensamento autoritário, como o da ?escola sem partido?, entre outros, entende-se que o momento atual se caracteriza por colocar em risco os avanços democráticos e recrudescer posições que podem gerar um profundo retrocesso para as políticas públicas em educação. Nessa conjuntura, concepções medicalizantes, patologizantes e higienistas encontram fértil terreno para se desenvolver. Assim, este minicurso pretende apresentar as ideias e as propostas pedagógicas e suas interfaces com a Psicologia, produzidas por médicos que contribuíram para a construção de uma perspectiva que se contrapõe ao pensamento patologizante e medicalizante que se expandiu no campo da Educação, sobretudo no século XX e que adentra o século XXI. A ideologia medicalizante, baseada em protocolos de normatização ? como CID-10 e DSM-V ? e uso indiscriminado de fármacos, tem se expandido e adentrado não só o espaço escolar, mas a vida em suas múltiplas expressões, comprometendo o processo pedagógico e a superação dos problemas de escolarização e, com isso, cumprindo as funções de produtora e legitimadora de desigualdades. Esse problema não é recente, mas recorrente ao longo da história, cumprindo uma função eminentemente ideológica, comprometendo especialmente os educandos das classes trabalhadoras. Entretanto, o processo histórico é contraditório: houve médicos que produziram conhecimentos e experiências pedagógicas baseados no pressuposto de que todo educando é capaz de aprender. A produção de conhecimentos sobre a aprendizagem e o desenvolvimento fundamentou a elaboração de programas de ensino que mostraram, principalmente para educandos com deficiência intelectual, mas não apenas para estes, que é possível produzir condições para uma efetiva aprendizagem. Entres os séculos XVIII e XX destacaram-se na psicologia e na educação as ideias e as práticas educativas de alguns, como optou-se por defini-los, ?médicos-educadores?: Jacob Rodrigues Pereira (século XVIII), Jean Marc-GaspardItard e EdouardSéguin (século XIX); Maria Montessori, Alfred Adler, Henri Wallon e Alexander Luria (no século XX) e os brasileiros Manoel Bomfim e Ulysses Pernambucano (primeiras décadas do século XX). O destaque a tais ?médicos-educadores? deve-se porque, contrapondo-seàs concepções calcadas na medicalização do educando, seja no âmbito do diagnóstico ou da intervenção médico-pedagógica, que comprometem o processo pedagógico e a superação dos problemas de escolarização, constata-se que estes educadores produziram conhecimentos e experiências pedagógicas que contribuíram para o conhecimento do processo de aprendizagem e de desenvolvimento, articulados necessariamente às condições de ensino, numa perspectiva que afirma a condição histórico-social do processo de escolarização. A produção de conhecimentos por estes médicos (que tiveram a medicina por formação, mas tornaram-se educadores pela atividade que desenvolveram ao longo da vida) contribuiu para o conhecimento e a fundamentação de práticas pedagógicas e de programas de ensino que mostraramque é possível criar condições para uma efetiva aprendizagem. A afirmativa de que todos são capazes de aprender e o esforço teórico-prático para que isso se materialize na escola é um importante instrumento de luta contra-hegemônica necessária na atual conjuntura

Eixo: Práticas profissionais da psicologia em contextos sem muros

Processo: Processos Educativos (formação/orientação de professores; planejamento educacional; elaboração de projetos educacionais;atuação/intervenção em contextos educativos formais e não formais; avaliação de processos educativos; orientação profissional/vocacional; planejamento e acompanhamento de medidas socioeducativas)

Área: História e Epistemologia da Psicologia

Entidade: ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional