Psicologia hospitalar: Avaliação e acompanhamento de pacientes renais crônicos com depressão

Entidade:
IBAP

Coordenador(a):
Gabriela Cremasco

Financiador do coordenador:
CAPES

Resumo:
Dentre as atribuições do psicólogo diante da sua atuação em psicologia hospitalar, encontra-se o serviço ambulatorial, a intervenção multidisciplinar e o acompanhamento a pacientes internados e à família. O presente trabalho tem como foco debater acerca da interface entre a literatura e a prática do psicólogo em contexto hospitalar/ambulatorial, tendo como fator comum a discussão sobre a sintomatologia depressiva em pacientes renais crônicos. A doença renal crônica (DRC) consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins. Em decorrência dessa situação, sintomas de depressão estão entre as apresentações clínicas mais comuns em pacientes em estágios mais avançados da doença. No que se refere à avaliação psicológica da pessoa com DRC, é importante destacar que o olhar do psicólogo deve se atentar aos vieses que podem ocorrer na avaliação da depressão devido as peculiaridades do contexto do adoecimento e aos sintomas depressivos que geralmente se apresentam.

Eixo:
II – Práticas profissionais da psicologia em contextos sem muros

Processo:
Processos Investigativos


Apresentações:

Pacientes no hospital geral e sintomatologia depressiva
– Naira Ravanny – CAPES
A depressão é um dos principais distúrbios que os pacientes desenvolvem quando hospitalizados ou assistidos em ambulatórios que recebem assistência psicológica. A depressão consiste em uma enfermidade caracterizada por um conjunto de sintomas dos quais os principais são humor deprimido e a anedonia – desinteresse por atividades que antes geravam prazer. Em contexto hospitalar, as características psicopatológicas da depressão nos pacientes com doença clínica decorrem principalmente dos fatores emocionais, físicos e psicológicos relacionados à doença que a depressão se associa. Tem-se como comorbidades clínicas mais citadas pela literatura as cardiopatias, a dor crônica, câncer, doenças neurológicas, ginecológicas e endócrinas como, por exemplo, a doença renal crônica (DRC). O processo de adoecimento traz mudanças para a pessoa hospitalizada e em se tratando da DRC, a perda progressiva e irreversível do rim impulsiona o sujeito a desenvolver mecanismos para conviver com suas limitações e àquelas impostas pelos tratamentos, bem como a ressignificar sua imagem corporal. Nesse sentido, a atuação do psicólogo adentra essas questões e reflete na intervenção quando os primeiros sintomas de depressão. A proposta do trabalho é explanar sobre depressão no contexto hospitalar, apresentando dados de prevalência, principais doenças associadas e os aspectos relacionados a sintomatologia depressiva em pacientes com doença renal crônica. A atuação do psicólogo nesse contexto, ultrapassa os moldes da prática clínica tradicional empregados em saúde mental, devendo-se ater aos aspectos físicos da patologia do paciente em questão, das relações interpessoais desenvolvidas e da dinâmica do ambiente hospitalar.

Pacientes com doença renal crônica em hemodiálise: avaliando a sintomatologia depressiva
– Gabriela Cremasco – CAPES
A doença renal crônica (DRC) consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins, tendo como população de risco hipertensos, diabéticos, pessoas com doença cardiovascular e idosos. Dentre os tratamentos existentes com objetivo de substituir a função dos rins tem-se a hemodiálise – procedimento mecânico extracorpóreo para remoção de substâncias tóxicas e excesso de líquido no organismo. Pacientes submetidos a esse tratamento relatam perdas na esfera familiar, profissional, física e cognitiva, tornando essa população propensa a ser acometida pela depressão. A predisposição do transtorno depressivo em pessoas com doença renal é descrita na literatura como decorrente de alguns fatores, tais como, os sintomas somáticos, as barreiras físicas e diminuição na qualidade de vida. Outras questões como o tempo das sessões de hemodiálise, exames laboratoriais, dietas, consultas médicas, além de expectativas relacionadas à possibilidade de transplante, podem também influenciar o desenvolvimento de depressão nesses pacientes, podendo ocasionar em uma piora no quadro da doença e adesão ao tratamento. O objetivo do trabalho é apresentar os principais aspectos da avaliação psicológica em ambiente hospitalar/ambulatorial, com foco em pacientes com DRC em hemodiálise e discutir o uso de alguns instrumentos que podem enviesar a identificação adequada da sintomatologia nessa população, devido a sobreposição de sintomas vegetativos comuns a depressão e a doença renal, tais como fadiga, diminuição do apetite, distúrbios do sono e lentificação. Serão apresentados alguns instrumentos como a Escala Baptista de Depressão (Versão Hospital-Ambulatório) – (EBADEP- HOSP-AMB), que foi desenvolvida especificamente para avaliação da sintomatologia depressiva nesses contextos.

Um estudo de caso sobre o acompanhamento psicológico a um paciente transplantado renal
– Cristiane Figueredo de Sousa – Psicologa do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitario Presidente Dutra – HUUFMA
A depressão é um problema frequente entre os pacientes com doença renal crônica (DRC) em fase terminal. É ampla a gama de pesquisas que indicam que o transplante renal, quando bem-sucedido, dentre as possíveis modalidades terapêuticas para portadores de DRC, é a que propicia menores índices de morbidade, menor mortalidade e melhor qualidade de vida. O objetivo do trabalho é apresentar o serviço de psicologia de uma unidade de transplante renal e para ilustrar um relato de estudo de caso. Paciente do sexo feminino, 44 anos, divorciada, duas filhas, mantem-se financeiramente com auxilio doença. Transplantada renal há um ano e dois meses. Conduta: anamnese, aplicação da Escala de Depressão de Beck para rastreio da sintomatologia depressiva, encaminhamento para psiquiatria e atendimento psicológico sistemático. O acompanhamento psicológico ainda está em curso, sendo programado de forma ambulatorial, uma vez por semana. Apesar de menos frequente, a depressão no pós-transplante renal tem como principais desencadeantes a adaptação a um novo estilo de vida, medo de infecções e rejeição do enxerto, uso de imunossupressores, e características de personalidade do indivíduo, sendo de suma importância a atuação do profissional psicólogo nesse contexto, auxiliando a equipe de saúde responsável pelo paciente na detecção e condução desses sintomas de cunho emocional.